Uma vida moderninha
Que Drummond me perdoe, mas sua Quadrilha é um fardo consumado à inevitável realidade juvenil. Analisaremos e faremos uma reflexão sobre estas estrofes “bacanais”.
João amava Teresa que amava Raimundo, que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili, que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
E neste tremendo vai e vem de amar e não ser amado o Sr. Pinto casou-se com a patinho feio da Lili e viveram felizes para sempre na Terra da Literatura. Porém, em dias atuais, poderíamos estar parafraseando estes estrofes da seguinte forma: João dormia com Teresa que Saia com Raimundo, que amava Maria que se deitava com Joaquim que lambia o chão de Lili, que não amava ninguém, João – o garanhão – foi para os Estados Unidos, Tereza cansada de arrastar a saia entrou para um convento a procura de amor próprio, Raimundo, alcoolizado morre em um desastre após uma noitada, Maria ficou para titia – afinal de contas, quem vai amar alguém que vive na esbórnia? Joaquim rejeitado por Lili, que era a rejeitada da história, suicidou-se e Lili, a feia, casou-se com o Sr. Pinto que nem na história estava... E assim é a vida real. Um círculo vicioso de idas e vindas entre romances baratos e noitadas regadas a promiscuidade carnal. Assim anda a sociedade hoje. Aqueles que procuram o conservadorismo é o patinho feio da história, deslocado e excluído. O desejo da carne torna-se o amor momentâneo e a cama alheia torna-se o lar temporário.
Entre todo esse show vulgar da sexualidade banal e do orgasmo futilizado, muitos esquecem de algo chamado integridade. Casais são desfeitos por traições virtuais, relacionamentos sólidos substituídos por momentos de prazer, pessoas trocando a felicidade real por uma tela, pequena, que mostra o corpo ideal, com um sexo perfeito e uma consciência apodrecida.
Estes dispositivos instantâneos promovem toda esta facilidade e comodismo melodramático dos tempos atuais e, acima de tudo, promovem encontros movidos pelo desejo da carne. O sexo virou algo banal e corriqueiro, uma manifestação popular do “sou desejado e pessoas esquecem que o mal do século está diretamente relacionado a esta prática - que na teoria deveria ser uma troca sinestésica de energia e amor - chamada de AIDS.
Os métodos anticonceptivos são vastos, porém, estes cultos bacanais, são regados à drogas, álcool e muita farra, ou seja, o uso de entorpecentes alucinógenos são constantes e interferem diretamente na conscientização ao uso de preservativos e métodos de proteção, então, como por consequência, prolifera-se uma vasta coleção de doenças sexualmente transmissíveis à sociedade, que devido ao “carnaval do sexo”, contamina-se – muitas vezes – pais de família que chegam a destruir, de forma definitiva, a vida de uma Lili, que protegeu-se e teve uma vida correta, centrada e moldada aos padrões éticos e morais. Porque? Por momentos de prazer de seu companheiro, que movido pela tentação da carne e do sexo fácil deixou o deleite tomar conta de sua essência e destruir a felicidade pessoal e a de terceiros também. É como digo: seja você o que quiser ser, porém, tenha a coragem de mostrar sua forma a sociedade, assim, tolos incrédulos, encontrarão o que procuram pela embalagem e não trocarão gato por lebre. Seja feliz, respeite o próximo e proteja-se.
